[MÚSICA] [MÚSICA] Porque precisamos fazer pesquisa? Na área da saúde nós precisamos comprovar hipóteses, dúvidas que nós temos por meio de método científico. Eu preciso, por exemplo, confirmar se uma intervenção funciona melhor do que não fazer uma intervenção. Ou eu quero saber se um hábito que eu tenho, um hábito alimentar, faz bem ou faz mal na minha saúde ao longo de muitos anos, ao longo de tempo. Eu posso chegar à conclusão se uma coisa funciona, ou se faz bem, ou se faz mal, se é melhor fazer tal procedimento, somente por meio da dedução, somente por meio do que eu conheço de racional biológico, do que eu conheço de fisiologia e dizer ' muito provavelmente vai funcionar assim'. O que ocorre? A experiência mostra, a história mostra que quando se chegou a conclusões por meio somente de suposições, somente da minha opinião, geralmente nós estávamos errados. Vou trazer então alguns exemplos nessa área. O primeiro exemplo é de uma recomendação que constava em um livro de cuidados para bebês escrito por famoso pediatra no século XX, que havia a recomendação de que os bebês deveriam ser colocados para dormir com a barriga para baixo. Segundo o que o médico escreveu no livro, o fato de os bebês dormirem com a barriga para baixo preveniria o sufocamento, caso eles tivessem um vômito, uma golfada, eles não iam se sufocar. O que ocorreu? Várias mães passaram a seguir este procedimento e se observou depois de um tempo, quando se coletou as informações, que essa recomendação estava causando mais mortes nesses bebês. Eles morriam pela síndrome da morte súbita. Então aquela hipótese de o bebê dormir com a barriga para baixo evitaria sufocamento não tinha sido testada pesquisa, mas foi colocada por uma pessoa muito famosa, várias pessoas seguiram essa recomendação e no fim várias mães perderam seus bebês por seguirem uma recomendação que não tinha base científica nenhuma. Um tratamento que era muito famoso até o século XIX eram as sangrias. O que eram as sangrias? Consistiam em fazer cortes no paciente que estava doente, que tinha sofrido um acidente, ou problema de saúde, uma infecção e por meio desses cortes fazia o sangue da pessoa jorrar para tirar aquele sangue, que segundo a hipótese dos médicos da época, aquele sangue estava sujo e tinha muita doença ali. Essas pessoas então ficavam mais debilitadas, sofriam de anemia e vinham a morrer muitas vezes por causa desse tratamento. Novamente sem experimentar, sem comparar grupos, eu chego numa conclusão e saio espalhando esse tratamento que causa mal até para algumas pessoas. O terceiro exemplo vem da onda que nós estamos observando agora nos séculos XX e XXI, as correntes antivacina, que partem de uma hipótese que nunca foi comprovada, que aliás já foi refutada diversas vezes, que as vacinas causariam doenças. Então vários pais têm deixado de vacinar os seus filhos. O que é que tem acontecido? Tem ocorrido surtos de doenças que já tinham controle, essas doenças então estão se tornando prevalentes algumas regiões e algumas pessoas vem a morrer. E uma morte por algo que a ciência já tinha avançado, uma causa totalmente previnível. Acho que fica claro que nós então não podemos partir de conclusões somente pelo nosso pensamento, pelo que nós achamos, ou pelo que nós pré concebemos. Eu, por exemplo, eu sou de Manaus. Quando eu era criança eu costumava fazer uma coisa que eu acreditava que fazia parar a chuva. Eu desenhava o sol na rua e eu achava que esse meu desenho do sol ia fazer a chuva parar. Depois de tempo, conforme eu fui crescendo, eu fui percebendo que tanto fazia se eu desenhava o sol ou não, a chuva parava de qualquer jeito. Ou seja, a minha pesquisa observacional me mostrou que a intervenção que eu fazia não tinha ligação com o resultado que eu tava acreditando que causava. Pelo menos esse desenho era bonitinho. Vocês não acham? [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [SEM_SOM]